A asma é definida como uma doença heterogénea, caracterizada pela inflamação crónica das vias aéreas e presença de sintomas respiratórios como sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, que variam ao longo do tempo (quanto à sua ocorrência e frequência) e relativamente à intensidade dos sintomas.
Estes sintomas estão associados a uma limitação variável do fluxo de ar expiratório, devido a broncoconstrição, espessamento das paredes das vias respiratórias e aumento da produção de muco. Estas variações são muitas vezes desencadeadas por fatores como o exercício, exposição a alérgenos ou irritantes, alterações climáticas ou infeções respiratórias virais.
Os sintomas e a limitação ventilatória podem ser controlados com a terapêutica inalatória e às vezes podem estar ausentes durante longos períodos de semanas ou meses. Todavia, os doentes também podem sofrer exacerbações episódicas da asma que podem por em perigo a vida.
Epidemiologia
A asma afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal existe uma considerável prevalência de asma em todos os grupos etários, afetando cerca de 700.000 pessoas. Estima-se que apenas 57% dos asmáticos tenham a sua doença controlada. Esta doença é responsável por elevados custos, estimando-se que o custo total em saúde da populaça asmática seja 4 vezes superior ao da população geral.
Fenótipos
ASMA ALÉRGICA
– Constitui o fenótipo de asma mais facilmente identificado
-Tem início na infância e associa-se a história pessoal e/ou familiar de doença alérgica (eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou fármacos)
– As vias aéreas apresentam uma inflamação eosinofílica
– Apresentam uma boa resposta aos corticoides inalados.
ASMA NÃO ALÉRGICA
– Diagnosticada em alguns adultos, mas também em crianças, em que não se verifica associação com atopia;
– A inflamação das vias aéreas pode ser neutrofílica, eosinofílica ou paucigranulocítica
– Menor resposta aos corticoides inalados.
ASMA DE INÍCIO TARDIO
– Ocorre em adultos, predominantemente mulheres, com início dos sintomas de asma apenas na idade adulta;
– Estes doentes habitualmente não são alérgicos;
– Necessitam de doses superiores de corticoides inalados para o controlo da doença ou são relativamente refratários ao tratamento com corticoides;
ASMA COM OBSTRUÇÃO FIXA DAS VIAS AÉREAS
Observada em doentes com asma de longa evolução, que apresentam obstrução fixa das vias aéreas em provável relação com remodelação da parede das vias aéreas;
ASMA COM OBESIDADE
Ocorre em obesos que apresentam sintomas respiratórios de asma exuberantes e escassa inflamação eosinofílica das vias aéreas.
Diagnóstico
O diagnóstico de asma é baseado na história de sintomas respiratórios característicos mas requer a confirmação através da demonstração da obstrução reversível ou variável do fluxo aéreo expiratório ao longo do tempo. A função pulmonar pode variar desde completamente normal até obstrução grave no mesmo doente.
São três as alterações funcionais mais importantes na asma:
– Padrão obstrutivo das vias aéreas
– Hiperreatividade brônquica a diversos estímulos
– Variabilidade temporal dos débitos das vias aéreas, que podem ser constatados através da espirometria pré e pós broncodilatação e dos testes de provocação com metacolina
Diagnostico diferencial
– Bronquiolite
– Aspiração de corpo estranho
– Bronquiectasias
– Discinésia ciliar primária
– Cardiopatia congénita
– Displasia Broncopulmonar
– Fibrose quística
– Doença do refluxo gastroesofágico
Tratamento
O tratamento da asma inclui, como em todas as doenças crónicas, uma componente de autogestão no controlo da doença que inclui:
– Educação do doente
– Planos de ação personalizados
– Aplicação de boas práticas: rever, reforçar e aumentar o conhecimento e desempenho do doente
– Prevenção primária: evitar aeroalergénios, promover o aleitamento materno e evicção do fumo do tabaco.
Tratando-se de uma doença com caracter inflamatório marcado o pilar do seu tratamento assenta na corticoterapia inalada associada á utilização de broncodilatadores. Os objetivos do tratamento centram-se no controlo dos sintomas e da função pulmonar, na manutenção das atividades de vida diária, na diminuição dos efeitos secundários da medicação, na prevenção de agudizações e na redução da mortalidade.