A COVID-19 é uma doença recente e, por isso, a descoberta de novos dados sobre esta infeção, provocada pelo vírus SARS-CoV-2, é constante.
Cerca de 1 ano após o diagnóstico do primeiro caso de COVID-19, o número total de infetados ultrapassou os 110 milhões. A infeção pelo SARS-CoV-2 pode causar sintomas que perduram no tempo, eventualmente causados por sequelas da fase aguda da doença. Contudo, pouco se sabe ainda acerca de consequências a médio e longo prazo após a infeção aguda.
Independentemente da gravidade da doença aguda, mais de 2/3 dos infetados apresentam alterações clínicas a médio e longo prazo. Estas alterações são mais frequentes e graves nos casos de doença aguda severa, mas ocorrem também nos doentes que tiveram sintomas ligeiros.
Sintomas após a COVID-19
No período agudo da infeção, a COVID-19 pode provocar danos em vários órgãos do nosso corpo (coração, rins, pele e cérebro) mas sabe-se que os pulmões são os mais frequentemente afetados e podem sofrer danos a longo prazo. Existem casos de pessoas que continuam a manifestar queixas meses após o início da infeção.
Os principais sintomas identificados são:
– Fadiga
– Cansaço fácil e falta de ar
– Tosse
– Palpitações
– Perda de olfato ou perda de paladar
– Mialgias e artralgias
– Fibrose pulmonar
– Hiper-reactividade brônquica
– Distúrbios do sono
– Ansiedade e depressão
A ocorrência de sintomas persistentes é mais comum em pessoas mais velhas ou com doenças preexistentes. No entanto, podem também manifestar-se em pessoas que não necessitaram de ser hospitalizadas devido à COVID-19 ou apresentaram um quadro leve da infeção.
As sequelas pulmonares da COVID-19 são reversíveis?
Os pulmões de um doente que tenha tido COVID-19 podem recuperar a sua função normal de forma gradual. Pode demorar cerca de três meses a um ano para que a função pulmonar regresse aos níveis normais. Por isso, os doentes devem estar preparados para continuar a fazer tratamentos de forma mais prolongada, de acordo com percurso de recuperação individual.
Muitas das alterações crónicas, se forem adequadamente valorizadas, podem ser suscetíveis de tratamento específico, permitindo diminuir as sequelas, minimizar os sintomas e curar a doença.
Em que consiste a consulta de Avaliação Pós COVID-19?
A consulta de avaliação Pós COVID-19 tem como principal objetivo identificar precocemente as potenciais sequelas da fase aguda da doença, promover o seu diagnostico atempado e definir uma estratégia terapêutica e reabilitação personalizada.
A consulta é inicialmente conduzida por um Pneumologista contando com o apoio e intervenção de especialidades complementares como a Cardiologia, Otorrinolaringologia, Medicina Interna, Psicologia, Psiquiatria ou Neurologia.
Durante a consulta com o seu Médico Especialista será realizada uma avaliação clínica individual nomeadamente avaliação de temperatura, frequência cardíaca, saturação de oxigénio por oximetria de pulso, tensão arterial e auscultação cardiopulmonar.
Poderá ainda ser necessário o recurso a exames complementares de diagnostico nomeadamente:
– Análises de sangue com hemograma completo, função renal, função hepática, Proteína C-reativa (PCR), Ferritina, Pro-BNP, D-Dímeros, troponinas e função tiroideia.
– Radiografia de tórax e/ou TCAR do tórax de acordo com a gravidade da doença
– Provas funcionais respiratórias (Espirometria, pletismografia, DLCO e pressões musculares)
– Teste de tolerância ao exercício
Quando agendar a consulta?
O tempo de recuperação pós-infeção por SARS-CoV-2 varia de pessoa para pessoa, com resolução dos sintomas até às 12 semanas na grande maioria dos doentes. Torna-se importante a vigilância do aparecimento de novos sintomas, de sintomas persistentes ou de agravamento progressivo. As potenciais sequelas da infeção pelo SARS-CoV-2 devem ser avaliadas o mais precocemente possível, independentemente da gravidade e forma de apresentação clínica inicial, aproximadamente cerca das 4 a 6 semanas após a doença aguda.