A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é caracterizada por uma obstrução nas vias respiratórias superiores que leva a um incremento do esforço respiratório com ventilação inadequada. A obstrução é causada pelo colapso da faringe devido à diminuição do tónus muscular que ocorre durante o sono, encontrando-se predispostos os indivíduos que apresentam fatores de risco para a ocorrência desta situação. Estes episódios acompanham-se essencialmente de dessaturação, aumento da atividade do sistema nervoso simpático com despertares frequentes, fragmentação do sono e diminuição do sono do sono profundo e sono REM.
Epidemiologia
Segundo alguns estudos a prevalência desta patologia é cerca de 23.4% em mulheres e de 49.7% em homens. Pode ocorrer em qualquer grupo etário, no entanto, estudos demonstram que as mulheres apresentam maior incidência na faixa etária acima dos 65 anos, aumentando a prevalência após a menopausa, enquanto nos homens ocorre entre os 45 e os 64 anos de idade. Atualmente é considerada uma doença crónica, progressiva e incapacitante, com alta morbilidade e mortalidade, estando associada a aumento do risco de doenças cardiovasculares, acidentes de viação, insónia e depressão, devendo por isso considerada um problema de saúde pública.
Fatores de Risco
– História familiar e fatores genéticos
– Sexo masculino
– Idade
– Obesidade
– Alterações craniofaciais
– Raça
– Tabaco e álcool
– Comorbilidades Médicas
Manifestações clinicas
Sintomas noturnos
– Roncopatia
– Pausas respiratórias durante o sono
– Engasgamento e sensação de asfixia durante o sono
– Insónia e fragmentação do sono
– Nictúria
– Palpitações
– Refluxo Gastroesofágico
Sintomas Diurnos
– Sonolência diurna excessiva
– Fadiga e Cansaço
– Diminuição concentração e défice memória
– Alterações humor e irritabilidade
– Depressão
– Cefaleias matinais
– Disfunção sexual
Diagnóstico
Para o diagnóstico correto é imprescindível a realização de uma história clínica detalhada. Nesta avaliação clínica é importante considerar o biótipo, diâmetro do pescoço, índice de massa corporal, alterações anatómicas da via aérea superior, cardiopatias associadas como a hipertensão arterial, arritmias, insuficiência cardíaca e distúrbios neuropsiquiátricos. A polissonografia é o exame Gold Standard para o diagnóstico.
Tratamento
O principal objetivo do tratamento consiste na diminuição da resistência da via aérea superior, com aumento do diâmetro da orofaringe, evitando assim o aparecimento dos episódios de apneias obstrutivas durante o sono. Consequentemente pretende-se também a eliminação do ronco, normalização da saturação de oxigénio e melhoria da continuidade do sono. A terapêutica depende das características clínicas de cada indivíduo e do resultado do estudo do sono, devendo por isso ser individualizado.
Normalmente as várias formas de tratamento englobam medidas gerais e específicas:
Medidas gerais
– Emagrecimento;
– Posição no leito durante o sono;
– Desobstrução nasal ao deitar;
– Evitar bebidas alcoólicas, benzodiazepinas e hipnóticos;
– Tratar infeções respiratórias e doenças alérgicas, assim como tratar as doenças de base;
Medidas específicas:
– Ventilação não invasiva;
– Próteses mandibulares;
– Métodos cirúrgicos.